A TITIA
Chegamos ao hospital por volta das 6 horas da tarde. Eu, minha mãe e minha tia (irmã dela). Como minha mãe queria a companhia também da irmã para passar a noite, falei para minha tia que quando chegasse uma enfermeira, ela disfarçasse e fosse ao banheiro.
Eu iria esperar a troca de turno para pedir autorização para a permanência dela conosco.
Pouco depois bateram à porta, e minha tia foi ao banheiro. A enfermeira entrou, coletou o sangue da minha mãe e,para meu espanto, se dirigiu ao banheiro. Em seguida, ouvi um grito:
- Socorro, tem uma mulher escondida, agachada atrás da porta!
Olhei para minha mãe, tentando me controlar para não rir e fui socorrer a enfermeira. Então expliquei para ela que ia pedir autorização para que minha tia ficasse conosco.
Ela então disse que não havia problema que ela ficasse desde que parasse de tentar matar os outros do coração, o que ela prometeu solenemente que não faria de novo. Quando a enfermeira saiu, perguntei a minha tia:
- Mas onde você estava com a cabeça para se esconder atrás porta?
- Foi você quem mandou – ela disse.
- Eu disse para disfarçar, não se esconder. Eu...deixa para lá! Esta cirurgia promete.
Eu nem imaginava como estava certa.
Em seguida, minha tia saiu do quarto e foi providenciar um lanche. Ficamos sentadas na cama, minha mãe e eu conversando... Ela estava calma e sem nenhuma dor.
Eu iria esperar a troca de turno para pedir autorização para a permanência dela conosco.
Pouco depois bateram à porta, e minha tia foi ao banheiro. A enfermeira entrou, coletou o sangue da minha mãe e,para meu espanto, se dirigiu ao banheiro. Em seguida, ouvi um grito:
- Socorro, tem uma mulher escondida, agachada atrás da porta!
Olhei para minha mãe, tentando me controlar para não rir e fui socorrer a enfermeira. Então expliquei para ela que ia pedir autorização para que minha tia ficasse conosco.
Ela então disse que não havia problema que ela ficasse desde que parasse de tentar matar os outros do coração, o que ela prometeu solenemente que não faria de novo. Quando a enfermeira saiu, perguntei a minha tia:
- Mas onde você estava com a cabeça para se esconder atrás porta?
- Foi você quem mandou – ela disse.
- Eu disse para disfarçar, não se esconder. Eu...deixa para lá! Esta cirurgia promete.
Eu nem imaginava como estava certa.
Em seguida, minha tia saiu do quarto e foi providenciar um lanche. Ficamos sentadas na cama, minha mãe e eu conversando... Ela estava calma e sem nenhuma dor.
A CRIATURA
De repente entrou pela porta que minha tia havia deixado aberta, um homem. Não parecia médico, estava com roupas normais.
- Pois não? – falei.
- Quem vai fazer a cirurgia amanhã pela manhã?
- Ela – apontei para minha mãe.
- Sabe o que é – continuou o homem – eu estava passando e eles me chamaram para fazer a anestesia da sua mãe.
- Eles quem?
- O pessoal do hospital. O problema, que me deixou arrasado, é que marcaram a droga da cirurgia exatamente no horário da minha aula de balé. Vou ter que desmarcar a aula e...
- Balé??? – fui obrigada a interromper. Não pude acreditar que ele estivesse falando sério. Olhei para ele e disse:
- Mas que coisa terrível isso. E agora? Como você vai resolver isso?
- Acho que vou tentar trocar o horário – ele respondeu. Mas tem outro problema, um pouquinho mais grave. Eu sou médico, sabe, mas justamente a aula sobre a anestesia foi a que perdi na faculdade.
Meu espanto não podia ser maior. Coloquem-se no meu lugar. Nestas alturas eu já estava pensando que estava tratando com alguém que havia fugido da ala psiquiátrica do hospital. Então falei:
- Você não acha complicado fazer uma anestesia sem saber como?
- Ah, mas sou esperto. Pode ficar tranquila, eu já liguei para um colega meu, e ele ficou de me emprestar as apostilas sobre o assunto. Vou estudar a noite toda e amanhã estarei prontinho.
Neste momento, minha mãe já estava apavorada e me disse ao ouvido.
- Eu não quero fazer anestesia com ele.
- E nem eu vou deixar, fique calma – disse em voz alta, olhando bem nos olhos dele.
Então acho que ele percebeu que tinha exagerado na dose, e se apresentou:
- Eu estava só brincando. Eu sou o anestesista, e me disse seu nome.
.
Nestas alturas eu já não sabia mais no que acreditar. Só me ocorreu dizer:
- Se você é um bom anestesista eu não sei, mas que seu humor negro é perfeito, não tenho dúvidas.
Era só o que me faltava. Um anestesista bailarino e metido a engraçadinho. Ele se despediu e saiu. Saí logo atrás dele para tentar descobrir quem na realidade era ele.
E fiquei completamente surpresa quando me confirmaram que ele era mesmo um anestesista e pasmem, um dos melhores anestesistas do hospital e que os médicos disputavam para operar com ele. Voltei ao quarto e tranquilizei minha mãe.
A CIRURGIA
No outro dia a cirurgia ocorreu sem o menor problema. Quando o cirurgião e o engraçadinho saíram para o corredor no término dela, me dirigi aos dois, indagando:
- Correu tudo bem?
O anestesista se adiantou e respondeu prontamente:
- Tirando o fato que ela perdeu muito sangue, a anestesia não ficou boa e ela quase morreu...
O cirurgião percebeu que eu estava ficando branca e interrompeu:
- Quer parar de brincar? Não está vendo que ela está nervosa?
E ele continuou:
- No resto ela está ótima. Dormindo como um anjo na sala de recuperação e logo você poderá vê-la.
Eu realmente estava tão nervosa que tinha esquecido do humor negro do amigo. O cirurgião apressou-se em me afiançar que tudo tinha corrido bem e que não havia nada com que se preocupar. O que mais tarde verifiquei ser a pura verdade. No final, minha mãe estava em boas mãos, mesmo. E eu nunca mais esqueci aquela criatura.
Realmente um humor negro. Não se brinca com estas coisas. Belo post.
ResponderExcluirAbraços
Pelas circunstâncias, fazer piadas é um pouco perigoso.
ResponderExcluirÓtima história.
Essa é a primeira vez que ouço falar num anestesista bailarino, kkkkkkkkkk.
ResponderExcluirÓtimo texto!
Que cirurgia hein! Primeiro a enfermeira tendo um susto, depois o anestesista além de palhaço, bailarino kkkkk, foi muito engraçado. Desculpa amiga, mas não posso deixar de rir, apesar de ser uma situção tão séria. Sua mãe, depois de passado o pós cirúrgico deve ter se divertido muito com tudo isso.
ResponderExcluirBjs. Ah, este texto está maravilhoso.
Obrigada, Seu Luiz! Eu também fiquei me perguntando, se ele algum dia não tentou fazer esta brincadeira com um paciente meio impaciente e não acabou se dando mal. Imagino que ele sabia com quem poderia fazer isso. Mas a idéia dele era descontrair, mesmo. Com a gente até funcionou, não era nada grave, graças a Deus. Obrigada por comentar. Abs Denize
ResponderExcluirObrigada, Catarino! Mas acho que ele tinha mesmo a sensibilidade de perceber até onde ir. Até hoje nos divertimos com esta história, quando lembramos. Abs Denize
ResponderExcluirEu também, Yuri. A criatividade dele era mesmo espetacular. Balé é uma maravilha...rstsrs. Abs Denize
ResponderExcluirMas é para rir mesmo, Claudine. Não precisa se desculpar. Foi muito engraçado mesmo. Minha mãe está ótima até hoje. Que bom que você gostou do texto! Bjs Denize
ResponderExcluirAdorei!!!
ResponderExcluirE sabe o que penso? São as pessoas inteligentes mesmo que conseguem ter este bom humor! kkkkk Mesmo que seja o negro.
Bjs
Adorei mesmo!!!
Valéria
Denize,
ResponderExcluirQue susto, menina! E tu tiveste muita presença de espírito, eu acho que tinha chamado uma enfermeira logo no primeiro diálogo.
Eu penso que nos hospitais é necessário um pouco de descontracção e boa disposição,para aliviar tensões, mas este anestesista exagerou, não? rs
Beijocas
Luísa
caraca! eu ja teria morrido do coração!
ResponderExcluiro loko, um ida ao hospital e um monte de historia p contar!
http://alexandreterra.blogspot.com/
Denize,
ResponderExcluirAcho que esses caras fazem isso também para quebrar o clima de tensão que eles mesmos enfrentam lá no fundo ou então são mesmo torturadores. Não acredito que eles façam isso só de brincadeira de mau gosto.
Numa das vezes que entrei no centro cirúrgico não vi nenhum dos médicos que iriam me operar. Ficou acertado que seriam os dois. Um outro médico virou-se para mim e disse perguntou-me - como se quisesse confirmar - se era mesmo a perna direita que eu iria amputar.
O pior é que eu já havia recebido os primeiros sedativos e só aguentei acordado até a pergunta imbecil dele. Não vi mais nada. E nem fiquei sabendo quem era o médico e não era o anestesista. Este, estivera comigo antes e no momento não estava no centro cirúrgico.
Na última cirurgia a coisa foi totalmente diferente. O anestesista bateu um papo salutar comigo e me deixou tão tranquilo que fui apagando aos poucos. E depois da cirurgia voltou a conversar me posicionando tudo o que acontecera e como eu deveria me comportar nas próximas horas para que tudo transcorresse melhor ainda. Pois tudo fora bem até então.
Fiquei sensibilizado por sua mãe.
Abraço do amigo,
Antonio
Denize,
ResponderExcluirNa primeira eu relevaria, mas na segunda, no corredor, brincando a respeito da vida da minha mãe, eu acho que ele ia ser obrigado a mostrar como é bom no balé!! kkkkkk...ia dançar "miudinho"!!!
Bjs!!
Anestesista bailarino e com humor negro é dose hein kkkkk.
ResponderExcluirUma hora dessas nunca é boa para este tipo de "brincadeira". Mas. pelo menos, ele era competente na área dele. :-)
ResponderExcluirParabéns pelo post amiga Denize.
Forte abraço, Fernandez.
Amiga e quem é capaz de esquecer com um espírito de porco destes rondando os corredores de um hospital?????? Mas cá entre nós, vc tem que admitir ele pelo menos tenta relaxar os pacientes....KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirBeijo no coração
Nossa Denize, nem sei como seria minha reação a alguem assim... meu pai foi operado várias vezes, se numa dessas tivesse tropeçado num anestesista engraçadinho assim, creio que ee precisaria de uma cirurgia plástica....
ResponderExcluirBeijos e que bom deu tudo certo no finals das contas.
Márcia Canedo
kkk, alguns médicos tem esse humor estranho mesmo, na ultima vez que eu fui tirar sangue para exame o médico tomando café, me disse que era cachaça misturado com cachaça, kkk, adorei o texto, bjos.
ResponderExcluirAff... que horror! Mas que criatura heim! Esse tipo de brincadeira não se faz! Pensou se o paciente tem um ataque do coração! Ele é louco!
ResponderExcluirSei como é estar com alguém prestes a operar... a gente fica tensa e tudo mais... Ele deveria ser interditado! rs
Você passa por cada uma heim amiga!
Há... sua surpresinha esta chegando... hehe
Beijos, Ju
Denize,
ResponderExcluirFeliz por ter corrido tudo bem na cirurgia, mas não me contive com a criatura atrás da porta. rs*
Um forte abraço!
Saudações!
ResponderExcluirQue Post Fantástico!
Amiga DENIZE, ainda bem que tudo terminou as mil maravilhas com a sua mãezinha.
Agora, o que você teve que passar coloca qualquer um em rota de colisão.
Parabéns por mais um excelente Post!
Contagiou. Mexeu. Valeu.
Abraços,
LISON.
Oi Valéria, também penso que o bom-humor é importante, até mesmo nos momentos críticos, quando a gente consegue mantê-lo, claro. Às vezes o nervosismo não permite. Nesse caso funcionou. Mas também balé é demais, né?...rsrs. Bjs
ResponderExcluirOi Luísa, talvez ele tenha exagerado um pouco mesmo. Mas alcançou plenamente o objetivo de acalmar os ânimos. Minha tia também tenho que reconhecer, ajudou bastante...rs. E acho que não me assustei muito porque me recusei a crer que aquilo estava acontecendo...rs.
ResponderExcluirBjs
Oi Alexandre,
ResponderExcluirVocê viu? Quando a gente menos espera surgem histórias para contar. E até engraçadas, apesar do lugar não ser dos mais propícios para provocar risos...
Abs
Denize
Oi Antônio,
ResponderExcluirPenso que eles podem até exagerar algumas vezes, mas acho super positivo uma certa dose de humor em momentos de tensão como esse que narrei. Inclusive para quem tem a responsabilidade de lidas com vidas humanas. Se eles conseguem quebrar um pouco da tensão, acredito que seja bom para todos.
No seu caso parece que exageraram mesmo...
Mas no caso da minha mãe foi ótimo, o acontecimento virou o assunto da noite, tirou o foco do problema, rimos muito e ela dormiu como um anjo.
No final só tive que agradecer. A recuperação dela foi perfeita e penso que o "astral" contribuiu para isso.
Abs
Oi Ebrael,
ResponderExcluirAcho que na segunda vez ele não fez por mal. Fiquei com a impressão que era o jeito dele, não tinha controle sobre isso...rs.
Bjs
Oi Sumie,
ResponderExcluirRealmente ninguém merece...rsrs.Mas não é que valeu?
Bjs
Oi Valéria, eu também acho que ele se esforça demais para relaxar os pacientes. Acho que nem precisava tanto...rsrs.
ResponderExcluirE com certeza jamais esqueceremos essa "criatura".
Bjs
Oi Márcia, não foi tão terrível assim... Ele achou a família certa para brincar. Sempre tivemos muito senso de humor, inclusive nas crises. E isso ajudou muito...
ResponderExcluirPassamos o resto do tempo rindo do bailarino esquecido...rs.
Bjs
Oi Alex, pelo visto esse seu médico era bem-humorado mesmo...rs. Bjs
ResponderExcluirOi Ju, realmente não posso me queixar de tédio nesta vida...rs.
ResponderExcluirMas não fique preocupada. A idéia desta postagem é divertir, até porque esta história nos diverte até hoje. Inesquecível...rsrs.
Bjs
Oi Sérgio, você viu só que maravilha? Esta minha tia era uma "figuraça". Única e muito engraçada. Era diversão garantida sair com ela. Não foi a toa que a minha mãe exigiu a presença dela no "evento".
ResponderExcluirE acho que o episódio dela contribuiu para a brincadeira do engraçadinho. Quando ele entrou ainda estávamos rindo... Aí le viu que o clima estava propício e fez seu show!
Abs