Seguidores

30 de outubro de 2009

A Panelinha

Você sabe o que é uma Panelinha? Não, não estou falando de uma panela pequena. Uma coisa que se pode dizer da Panelinha, é que a maioria das pessoas que dela reclama, gostaria de pertencer a ela. Se você gostaria de fazer parte da Panelinha, talvez este texto possa lhe ajudar, mas já vou avisando que não vai ser fácil.

Primeiro precisamos entender o conceito da Panelinha. Quando vivem em Sociedade, as pessoas, de uma maneira geral, tendem a se agrupar de acordo com suas afinidades. Um desses grupos é a Panelinha. Mas a Panelinha é sem dúvida nenhuma, um grupo diferenciado.

Ela é formada na sua maioria, por pessoas de forte personalidade, inteligentes, temperamentais e cujo comportamento vira um parâmetro a ser seguido. Claro que este conceito você não vai encontrar em lugar nenhum, porque acabei de inventá-lo apenas para situá-lo.

A primeira vez que tomei conhecimento da Panelinha foi na escola. Ela era formada segundo pude constatar, pelos alunos mais "animados", vejam só, e não pelos mais estudiosos.

Eram sempre eles os líderes das brincadeiras na hora do intervalo, determinavam as regras das competições que inventavam e ninguém tinha a coragem de discutir com eles. Eram sempre ótimos argumentadores.

Um dia conversando com uma menina que estava sentada ao meu lado na aula, gostei dela e convidei-a para um lanche no bar da escola.

Ela educadamente recusou dizendo que não poderia ir. Fui então com outra colega, e qual não foi meu espanto ao vê-la entrar acompanhada por um outro colega nosso. Passou por mim e não me viu ou apenas fingiu não ter me visto.

Desnecessário dizer que fiquei indignada. A colega que me acompanhava notou e perguntou o que havia acontecido. Eu contei o ocorrido e ela me tranqüilizou:

- Ah isso, não esquenta, ela é da Panelinha.
- Como assim, ela é da Panelinha?
- Você não sabe? O pessoal da Panelinha só se relaciona entre si.

Não sei por que, mas na hora me senti desafiada:

- Vou entrar para essa Panelinha, eles vão ver – pensei.

E comecei a reunir todas as informações possíveis sobre ela. Como era formada, quem eram os participantes, onde se reuniam, etc. E montei minha estratégia para invadi-la.

Nesta época eu era muito tímida com pessoas desconhecidas, mas com aquelas que já conhecia, nunca tive o menor problema. Comecei a puxar assunto com o pessoal. Cada dia, escolhia uma vítima e lá ia eu.

Todos eram sempre muito educados comigo, mas não havia jeito de fazer a conversa fluir. Eram monossilábicos nas respostas. E seríssimos. Entre eles, era uma maravilha, conversavam o tempo todo e riam de qualquer coisa.

Como estava fazendo uma pesquisa, resolvi tentar outra técnica: a lisonja. Comecei a elogiá-los sempre que tinha oportunidade. Não funcionou, eram imunes. Aceitavam, como reis aceitam agrados dos súditos e pareciam até gostar.

Mas eu apenas estava conseguindo um resultado ao contrário do que queria obter, notava que ficavam mais frios comigo,depois disso. Também, até para mim soava falso esta bobagem que tinha inventado.

Até que um dia, encontrei um deles, e já irritada perguntei:

- Como faço para entrar para a Panelinha?
- Panelinha? – ele devolveu a pergunta parecendo surpreso. Não sei do que você está falando.
- Mas você não é da Panelinha?
- Não. E até onde eu sei, não existe Panelinha nenhuma.

Fiquei pensando comigo mesma depois disto: que estatuto estranho tinha a tal da Panelinha. Os membros só podiam falar entre si e tinham que negar que faziam parte dela. Parecia mais uma sociedade secreta, aquilo.

Aí me irritei de vez e resolvi largar de mão, e cuidar da minha vida. Foi então que um belo dia conversei com um dos meninos da Panelinha no bar da escola, que havia sentado casualmente à minha mesa, uma vez que não encontrou lugar em nenhuma outra. E ficamos conversando um bom tempo, até que tivemos que interromper para voltar para a aula.

Então ele me convidou para retornar ali depois da aula, onde o pessoal (leia-se a Panelinha) iria se reunir. E isso tornou-se uma rotina. Tinha sido aceita, e o que é pior, nem me dei conta. Só notei, quando a minha colega mais chegada, reclamou da minha ausência. Tentei negar, mas ela cortou:

- Eu sabia que isso iria acontecer depois que você entrou para a Panelinha, e tinha certeza que você iria mudar.
- Eu não entrei para Panelinha nenhuma e sou a mesma!
- Lembra? Todos negam.

Acho que fiquei vermelha. Não tive o que dizer. Ela tinha razão. Simplesmente disse:

- Vamos ao bar.

E a partir daí voltei a ser a mesma, me relacionando com gregos e troianos. Gosto da liberdade de fazer minhas próprias escolhas.

Pela vida afora, encontrei várias Panelinhas, mas nunca mais esquentei a cabeça com isso.

E para você que leu este texto até o fim e ainda não sabe como fazer para entrar para a Panelinha tenho uma sugestão a lhe dar:

SEJA AUTÊNTICO, SEJA SEMPRE VOCÊ MESMO. AGINDO ASSIM VOCÊ TERÁ UMA ENORME CHANCE DE SER SEMPRE MUITO BEM RECEBIDO EM QUALQUER LUGAR, POR QUALQUER PESSOA.

14 comentários:

  1. Adorei!
    Parabéns pela forma que se expressa e pelos assustos que aborda sempre!
    É um convite irrecusável à leitura, ao divertimento, à reflexão...!
    Beijo grande!
    dani

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, ótimo texto. Concordo com a dica de que devemos ser autênticos... Agora discordo do pensamento generalista ok? Nem todo que desdenha quer comprar... Essas panelinhas... como a maior parte destes grupinhos fechados... é formado por pessoas inseguras que se juntam a outras com a mesma insegurança e que unidas fingem serem mais espertos que os outros...Isso é o que é!

    ResponderExcluir
  3. Denize!
    Adorei o texto e se posso contribuir, quero te dizer que Panelinha é sempre aquela turma em que não me incluo! Rsrsrs!
    As pessoas se unem por afinidades e não há mal nisso. Mal é promoverem o bullying, daí sim a coisa pega! Mas, se o grupo está junto porque se gosta, que mal há?
    Sim, muita gente tem medo do novo, de aceitar novas pessoas, mas digamos que isso não seja maldade e sim dificuldade! Rsrssrs! Rimou...
    Tenho uma grande amiga que tive que penar para conquistar. A danada era arisca! Dividíamos o escritório (fui convidada por ela!), numa relação formal. Um dia nos estressamos e ela gritou comigo, perguntando porque eu tinha escrito o relatório daquele jeito. Eu não me intimidei e disse: "baixa a voz para mim porque não sou teu cachorro" (rsrsrs!). Ela chorou (e eu fiquei de boca aberta, olhando!), pediu desculpas e disse que falava alto assim, que não queria ser grosseira. Hoje, nos amamos muito!
    Bjão!

    ResponderExcluir
  4. Obrigada, Dani! Que bom que você gostou do texto! Fiquei feliz da vida com os seus elogios. Bjs Denize

    ResponderExcluir
  5. Calma Lily! Eu falei a maioria, não todos. Mas tudo bem, acho que exagerei. Troco para alguns. Mas você também está generalizando. Na Panelinha que eu citei no texto, encontrei gente bastante interessante. Acredito que em qualquer agrupamento humano, sempre acabamos encontrando vários tipos de pessoas. Mesmo os que se reúnem por partilharem algumas afinidades, são diferentes uns dos outros. Mas acho legal essa diversidade. Gostei do seu comentário, viu? Abs Denize

    ResponderExcluir
  6. Obrigada, Joyce, seja sempre bem-vinda aqui! Bjs Denize

    ResponderExcluir
  7. Oi Claudinha, quero te dizer que adorei o versinho..rs. Mas falando sério agora, concordo com tudo o qe você falou e você contribuiu muito aqui. Infelizmente temos que dar limites para algumas pessoas senão elas nos atropelam mesmo. Ninguém é obrigado a aturar o que não fez por merecer. E como eu disse no texto, para sermos respeitados e aceitos, basta apenas sermos nós mesmos e deixarmos nossa luz interior brilhar... E tenho aprendido também que a agressividade e distanciamento de algumas pessoas, é apenas defesa, para resguardar muitas vezes, um coração sensível demais. Bjs Denize

    ResponderExcluir
  8. Belo texto, aliás como sempre seus textos são ótimos. Eu sempre me relacionei bem com as pessoas, aceitando-as do jeito que são, sou um pouco sensível, quando sinto que alguém está indiferente comigo pergunto o que está acontecendo, tento resolver da melhor maneira possível. Realmente existe esse negócio de panelinha, mas sabe de uma coisa, eu não ligo, na escola eu era da bagaceira, quer dizer, não era muito estudiosa, gostava de brincar, adorava gazear aula, principalmente na época dos jogos escolares, ah! época maravilhosa. Sabe, acho que existe isso aqui no diHitt, pois já li várias reclamações de pessoas que comentam e votam, só que não tem recíproca.

    Um beijão

    ResponderExcluir
  9. Olá, amiga de infância! o/
    Tem selinhos pra vc no DAS.
    Parabéns pelo blog, tá lindo!
    dani

    ResponderExcluir
  10. Eu concordo com você, Claudine. O negócio é não esquentar a cabeça com este negócio de Panelinha! A gente faz o nosso melhor, procuramos nos relacionar da melhor forma possível, e o resto acontece naturalmente... Adorei teu comentário! Bjs Denize

    ResponderExcluir
  11. Simplesmente ótimo o texto!

    Ainda bem que depois que passou minha adolescência, nunca mais esquentei a cabeça com a Panelinha :D

    Abraços.

    ResponderExcluir
  12. Obrigada, Dani! Pelo elogio e pelos selinhos! Vou buscar! Bjs Denize

    ResponderExcluir
  13. Oi Iuri, comigo aconteceu a mesma coisa. Depois desse episódio, nunca mais me preocupei com isso. Quando gosto das pessoas, gosto mesmo, pouco me importa se elas são de alguma panelinha ou não. Abs Denize

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante e esse espaço é seu. Aqui você pode concordar, discordar, ensinar, enfim, passar a sua visão e experiência de vida. E sempre procuro responder a todos.

Só tem um detalhe: comentários agressivos e com palavrões não serão publicados, porque vão de encontro à proposta deste blog, que é contribuir ainda que modestamente, para a Paz e Harmonia.

Desde já agradeço a atenção.